Morre, aos 74 anos, o mestre escritor uruguaio Eduardo Galeano


Eduardo Galeano, poeta de los pobres, por Errin Courier
Só  escrevo quando a mão coça

O escritor Eduardo Galeano morreu, aos 74 anos, na manhã desta segunda-feira. De acordo com o jornal uruguaio El País, o autor de As Veias Abertas da América Latina estava em sua casa, em Montevidéu.
 Ele lutava contra um câncer no mediastino (região da cavidade torácica) que havia entrado em metástase.
Nascido em Montevidéu em 1940, Galeano começou cedo no jornalismo e na literatura — aos 14 anos, já vendia charges para jornais uruguaios.
Famoso pela multiplicidade (escreveu livros de História, ficção e ensaios), denunciou a opressão no continente latino em 

As Veias Abertas da América Latina, traduzido para dezenas de idiomas e referência no assunto até hoje.
 Em Montevidéu, foi chefe de redação do semanário Marcha e diretor do jornal Época, carreira encerrada pelo golpe militar no Uruguai. Em 1973, foi preso pela ditadura e exilou-se na 
Argentina para fugir da prisão.

 Lá, chegou a lançar livros, mas teve a vida novamente dificultada pelo golpe militar liderado pelo general Jorge Videla, em 1976. 

Para fugir dos esquadrões da morte, refugia-se na Espanha, de onde sai apenas em 1985, 
quando da redemocratização do Uruguai — e nunca mais deixa a Capital.
Multipremiado, recebeu o prêmio Casa de Las Américas em 1975 e 1978, e o prêmio Aloa, 
promovido pelas casas editoras dinamarquesas, em 1993.

 A trilogia Memória do fogo foi premiada pelo Ministério da Cultura do Uruguai e recebeu o American Book Award (Washington University, EUA) em 1989.
Em 1999, Galeano foi o primeiro autor homenageado com o prêmio à Liberdade Cultural, da Lannan Foundation (Novo México). 
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É autor de De pernas pro ar,

Dias e noites de amor e de guerra,

 Futebol ao sol e à sombra,

 O livro dos abraços, Memória do fogo (a qual integram Os nascimentos, 

As caras e as máscaras e

 O século do vento),

 Mulheres,

 As palavras andantes, 

Vagamundo, As veias abertas da América Latina e Os filhos dos dias.
Apesar de sempre ser badalado por As Veias Abertas da América Latina, Galeano revelou-se cético diante da própria obra.
– Depois de tantos anos, já não me sinto mais ligado a esse texto – disse o escritor em 2014, em 

Brasília, durante a 2ª Bienal do Livro e da Leitura.
– O tempo passou e descobri diferentes maneiras de conhecer e de me aprofundar na realidade. 

Considero uma etapa superada. Se eu relesse a obra hoje, cairia desmaiado, não iria aguentar – completou, em tom de brincadeira.

– Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera.
Apaixonado por futebol, Galeano falava com ardor da seleção celeste.
A loucura era tanta que, em tempos de Copa, Galeano pendurava uma placa com os dizeres 

"Cerrado por fútebol" ("fechado por futebol"), na porta de casa, entre as bandeiras do Uruguai e do Nacional, seu time do coração.
Galeano deixa a esposa, Helena Villagra, com quem era casado desde 1976, e os filhos Claudio, Florencia e Verónica. 
fonte Zero Hora/ilustração regina bittencourt google e pesquisa internet