"A garota ainda tinha um gato e tocava violão. Quando o sol estava muito forte, lavava os cabelos e, na companhia do gato, um bichano ruivo e rajado, sentava-se na escada de incêndio, dedilhando o violão enquanto o cabelo secava. Sempre que ouvia a música, eu ia em silêncio até a janela. Ela tocava muito bem, e às vezes cantava. Cantava no tom rouco e quebrado de um rapaz.
Conhecia todos os sucessos musicais, Cole Porter e Kurt Weill; gostava especialmente das canções de 'Oklahoma!', que, por serem a novidade daquele verão, eram ouvidas em toda parte.
Mas certas canções me intrigavam - onde ela as havia aprendido? de onde essa moça vinha? Canções andarilhas, duras e sentimentais, com letras que cheiravam a pinheiro ou a pradaria. (...) muitas vezes continuava a cantá-la mesmo quando o cabelo já estava seco, com o sol posto e as janelas luzindo no crepúsculo."
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