Acompanhar a vida de Carlos Castello Branco, o Castelinho, é acompanhar a história política recente do Brasil, e essa é a grande qualidade
do livro do jornalista Carlos Marchi "Todo Aquele Imenso Mar de Liberdade”, da Editora Record, que está sendo lançado amanhã no Rio na Livraria Cultura do Fashion Mall.
do livro do jornalista Carlos Marchi "Todo Aquele Imenso Mar de Liberdade”, da Editora Record, que está sendo lançado amanhã no Rio na Livraria Cultura do Fashion Mall.
Destaco do prefácio que escrevi algumas passagens que darão aos leitores a dimensão do maior de todos os colunistas político que o país teve, o jornalista mais influente de sua geração.
"Ao longo de 50 anos de jornalismo, sendo 30 deles no colunismo político diário no Jornal do Brasil, Carlos Castello Branco participou ativamente da vida política do país, mas apenas uma vez “do outro lado do balcão” como dizemos nós, jornalistas, daqueles que atuam em governos".
"Foi, a contragosto, assessor de imprensa do presidente Janio Quadros, conseguiu passar incólume por essa aventura que lhe trouxe muitos ensinamentos, sobretudo identificar quem é que manda mesmo nos governos, aquele que tem conhecimento dos mecanismos internos e informações que não sejam apenas especulações com interesses pessoais".
"Frio, pragmático, Castelinho sabia lidar com as autoridades de Brasília sem perder de vista sua condição de repórter, o que sempre surpreendia seus interlocutores. Não se sentiu limitado a exercer seu poder de crítica sobre a eleição de Jânio Quadros, mesmo já tendo sido nomeado seu secretário de imprensa, e depois da renúncia continuou acompanhando a vida política de Jânio sem poupar-lhe críticas quando considerava necessário".
"A bebida passou a ser a companheira inseparável de Castelinho depois que seu filho Rodrigo morreu num desastre de carro em Brasília. Não bastasse a dor da tragédia e a saudade, Carlos Castello Branco ainda tinha que lidar com a desconfiança de que o desastre fora premeditado pelo SNI, uma vingança contra seus artigos e críticas que o levaram algumas vezes à cadeia depois do golpe de 1964".
"A conversa que teve com Jango em um HOTEL EM PARIS, em que o presidente deposto lhe disse ter certeza de que o acidente fora forjado, é um dos pontos altos do livro, que soube pegar muito bem os traços humanos de Castelinho, suas fragilidades pessoais e seus gestos generosos, sua veleidade de tornar-se um escritor e a glória de chegar à Academia Brasileira de Letras não pelos méritos literários de seus contos, mas pela qualidade de sua coluna política, que unia bom estilo literário com análises agudas, especialmente durante o período ditatorial, em que o Congresso a certa altura funcionava mais na Coluna do Castello do que na realidade".
" Não se furtou a uma atuação pública, quando um grupo de jovens jornalistas de Brasília, entre eles o autor do livro, o convidou para assumir a presidência do Sindicato dos Jornalistas num momento especialmente difícil da ditadura militar. E atuou nos bastidores políticos para ajudar Tancredo Neves a concretizar seu plano de derrotar o governo militar no próprio Colégio Eleitoral em que teoricamente tinha maioria".
"Com o texto direto e capacidade analítica que dispensava firulas literárias, mas sabendo ser sarcástico quando necessário, Carlos Castello Branco teve que adaptar-se às dificuldades que a censura impunha durante o regime militar, e não raras vezes enviou mensagens cifradas nas suas colunas a favor de manobras políticas não apenas da oposição ao regime, mas também de setores militares que atuavam nos bastidores para a abertura democrática que acabaria chegando".
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