Arrumo livros
como lembro os rostos,
de memória. Limpo livros
a me esgueirar
por estantes e frestas,
esgrima.
Depois
volto a flagrar as lombadas
queimadas de luz
e de gordura dos dedos
(o corpo continua a penetrar
cada leitura).
Ali estive, aquele ali fui eu,
aqui me reencontro,
estranho antes e depois.
Ninguém fala o título:
ele mesmo
soletra a sua inclusão
e se perfila, agora convocado.
Daqui observo, perto e de rapina,
o livro que li e volta para a fila:
sua lombada erguida frente
à dúvida, que não termina.
fonte www.felipefortuna ilustraçao re bittencourt retirada google
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