Canção o Exílio (Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Esse poema é
um clássico. É composto todo em heptassílabos (ou redondilha maior) como a maioria de nossas cantigas de roda e canções de ninar
(muitas compostas por Villa Lobos, como a belíssima
“Se esta rua fosse minha“). Dizem que essa é a métrica que mais se prende à memória…
Deve funcionar, pois realmente, eu não esqueço esse poema ou as cantigas de ninar da minha infância. A obra abre o livro “Primeiros Cantos “ e é um dos mais conhecidos poemas da língua portuguesa no Brasil, até mesmo porque
“Nossos bosques têm mais vida,/
Nossa vida, mais amores.” acabou no nosso hino nacional. Foi escrito em julho de 1843 em Coimbra (Portugal) e na wikipedia você pode saber mais sobre ele, inclusive com uma análise do poema.
Se quiser ver o texto em sua grafia original (bem interessante), basta passar umas páginas aqui no link do livro Primeiros Cantos no Google Books.
Aliás, o livro está todo disponível ali, pois toda a obra do autor é de dominío público atualmente
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