Morreu neste domingo (27/11), no Hospital Brasília, o ativista político Álvaro Lins, em decorrência de complicações de pós-operatório para a retirada de um tumor no fígado. Nascido em fevereiro de 1949, ele mesmo se descreveu, em seu perfil do Facebook, como “um estudante em 60, militante de esquerda e torneiro mecânico entre 70 e 80. Hoje, profissional de marketing político. Sempre curioso e confiante em um mundo melhor.”
Lins ajudou a organizar, na década de 1980, a oposição metalúrgica do Rio de Janeiro, bem como participou da fundação do PT no setor operário. Se apresentava como socialista, sem vinculação partidária e um “ateu praticante”. Casado, pai de cinco filhos, dividia o tempo entre Belém (PA) e Brasília.
Como militante, viveu na clandestinidade nos tempos da ditadura militar, trabalhando em fábricas e fugindo da polícia, e teve atuação importante em eventos e ocupações da Universidade de Brasília (UnB), onde estudou até ser expulso.
Nos anos de chumbo, foi contemporâneo de Honestino Guimarães nas lutas estudantis de resistência aos militares. Por sua atuação, acabou preso duas vezes: uma em Brasília e outra em São Paulo.
O velório está previsto para as 13h desta segunda-feira (28), no Cemitério Campo da Esperança. Depois, seu corpo será cremado.
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Codinome Beija-Flor
O jornalista e professor da Universidade Católica de Brasília Aylê Salassié é autor de um livro que conta parte da vida de Álvaro Lins. Amigos de militância política na juventude, o escritor relata que fez as entrevistas durante conversas em mesas de um bar na 410 Asa Norte. Aylê destaca que o apego de Álvaro à mãe é um ponto importante na história do militante. Nas pesquisas que fez, o estudioso conversou com psicanalistas que falaram sobre as mudanças e danos à personalidade que a troca constante de nome e aparência podem causar nas pessoas. As transformações, no entanto, pareceram não afetar o militante. “Quando foi para São Paulo, ganhou dos companheiros da Ala Vermelha o nome de Timóteo. Isso porque ele cantava músicas de Agnaldo Timóteo para se lembrar da mãe. Os codinomes atravessaram a personalidade dessas pessoas. Eles têm que esquecer as origens. E ele só não se esqueceu por conta da dona Zimar, que manteve contato com ele e até usava codinome para visitá-lo. Por esse motivo, chamei o livro de codinome beija-flor. Ele era uma pessoa que não tinha muitos apegos. Nunca quis se candidatar, ser presidente. Mas era um homem muito inteligente e um líder excepcional. O que fazia, fazia bem-feito”, conta.
imagens retirada google
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