Autora de romances com histórias poderosas, Maria Velho da Costa é nome de referência da
literatura portuguesa. Prêmio Camões 2002, tornou-se conhecida aquando da polêmica das
"Novas Cartas Portuguesas", o livro escrito a três mãos que a censura proibiu.
A literatura não foi ofício que pensasse para si, nem este nem outro, confessa Maria Velho da Costa que “nunca quis ser coisa nenhuma”. Mas a linguagem, a palavra dita ou descrita,
exerceu o seu poder sobre a autora de “Maina Mendes” (1969), o segundo livro que a consagra e com o qual se identifica mais.
A aprendizagem e o treino que fez até ser escritora começaram nas redações que compunha aos 6 anos e que eram lidas às outras meninas do colégio de freiras onde estudava. Seguiram-se cartas e outros textos. Porém, um dia, sentiu necessidade de escrever, para pensar, “para se entender e entender as coisas”. Oriunda da pequena burguesia, achou-se diferente, com uma consciência política desafiadora do regime.
Já era autora premiada nos anos 70, quando a censura populariza definitivamente o seu nome. O dela e não só.
Com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno, compromete a imagem da ditadura Marcellista dentro e fora do país.
A polêmica em torno das “Novas Cartas Portuguesas” (1972), obra em que manifestam oposição aos valores femininos tradicionais, marcou a sociedade portuguesa da época. O regime acusou-as de ofensas à moral pública e sentou-as no banco dos réus.
O processo das Três Marias” , como ficou conhecido, terminou com o 25 de abril de 1974. Para Maria Velho da Costa, o mais emocionante da experiência foi a criação coletiva de uma obra.
Nascida em Lisboa, em 1938, é longo o currículo da escritora licenciada em Filologia Germânica: foi professora de português e de inglês, secretária de Estado da Cultura no governo
de Maria de Lourdes Pintassilgo, leitora de português no King´s College em Londres, adida cultural em Cabo Verde e mais funções foi desempenhando ao longo da sua vida, como ter sido a primeira e única mulher que presidiu à direção da Associação Portuguesa de Escritores que, mais tarde, em 2013, a distinguiu com o Prémio Vida Literária.
No dia em que recebeu o prêmio, a escritora anunciou que pretendia afastar-se da escrita,
trabalho que sempre revelou ser penoso e solitário.
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