“Muitos anos depois, muitas palaras depois, muitos livros depois

encontrei numa folha de um livro antigo, escrito por um filósofo francês,

uma frase que coloca em palavras a minha distância dos humanos.Penso, logo existo
.
.

A frase me deixou de boca aberta, porque é, evidentemente, inacreditável. Basta ter dois olhos na cara para ver que tudo o que existe primeiro existe e depois faz outras coisas.

Porém, o mais incrível é que o filósofo não está propondo que seja assim, mas apenas colocando em palavras o que os humanos pensam a respeito de si mesmos: que primeiro pensam e depois existem.

E o pior é o seguinte. Como os humanos vivem assim, acreditando que primeiro pensam e depois existem, pensam que tudo aquilo que não pensa não existe completamente.

As árvores, o mar, os peixes dentro do mar, o sol, a lua, uma montanha ou uma enorme cordilheira: não, não existem completamente, existem num segundo nível de existência, uma existência menor.

E, portanto, merecem ser mercadoria ou alimento ou paisagem dos humanos, e nada mais.


Quem garante que o pensamento é a atividade que divide todas as coisas entre superiores e inferiores?Ah, o pensamento
.

Mas, em compensação, Eu nunca esqueci que primeiro existi e depois aprendi, muito trabalhosamente a pensar.”


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